FIMUV aposta na “juventude, na irreverência e no talento português” para atrair diferentes públicos às salas de espetáculo
Um dos festivais de música erudita mais antigos do país regressa ao concelho já este fim de semana. A aposta reforçada no talento português é uma das marcas da 45ª edição do FIMUV – Festival Internacional de Música de Paços de Brandão, um certame dinamizado pelo CiRAC e que traz até terras fogaceiras, entre 1 e 29 de outubro, 15 espetáculos e mais de 100 artistas. A violoncelista Margarita Balanas, da Letónia, é a cabeça de cartaz do festival, que continua a dar palco à juventude e à irreverência.
A 45ª edição do FIMUV – Festival Internacional de Música de Paços de Brandão traz até Santa Maria da Feira, entre 1 e 29 de outubro, 15 espetáculos protagonizados por mais de uma centena de artistas. Nos estúdios da Sintonia, Filipe Dias, secretário geral do CIRAC, e Augusto Trindade, diretor artístico do festival, desvendaram o cartaz de 2022, pautado pela forte aposta “na juventude e na irreverência” e que procura chamar diferentes públicos às salas de espetáculo do concelho.
Após dois anos de pandemia, durante os quais o FIMUV continuou a realizar-se, o festival volta a cena no mês de outubro, numa altura em que o contexto económico e social vivido no país “é particularmente difícil“, agora devido a fatores como a guerra na Ucrânia ou a inflação. Augusto Trindade acredita que o certame pode “ter um papel de união dos povos“, ao mesmo tempo em que “apazigua a tristeza imensa que todos os dias se vê na televisão“. “É nestas alturas que a cultura tende a ficar na sombra, no escuro, mas é precisamente nestes momentos que se torna mais importante. O festival, como a arte em geral, tem este papel de consciencialização e de promover a reflexão, mas também de unir as pessoas e animá-las no seu dia a dia, através de espetáculos de jovens músicos e artistas de enorme qualidade. É isto que tentamos trazer, dentro das nossas limitações, para o nosso público“, destaca o diretor artístico.
A matriz do festival continua a ser a mesma, com uma clara aposta “na juventude, na irreverência e na capacidade de atrair diferentes públicos para uma casa que é de todos, as salas de espetáculo”.
Depois da pandemia, “achámos que era importante apostarmos ainda mais nos artistas portugueses”
Após dois anos “complicados” devido à pandemia da Covid-19, a aposta no talento português – uma faceta bem vincada em edições anteriores – é reforçada no FIMUV 2022, sublinha Augusto Trindade. “Depois de dois anos de Covid-19 e das dificuldades que os artistas têm passado, achámos que era importante apostarmos ainda mais nos talentos portugueses“, afirma o diretor artístico de um dos festivais de música erudita mais antigos do país.
Festival nasceu há 45 anos pelas mãos de um homem “que viu à frente do seu tempo”
O FIMUV nasceu há 45 anos pelas mãos de Mário Anacleto, fundador do CIRAC, “que viu à frente do seu tempo“, considera Filipe Dias. “Este é um festival diferenciado porque emerge de uma vila que, embora tenha fortes raízes ligadas à música, não deixa de ser uma vila de Santa Maria da Feira. Estamos perto do Porto, mas em termos culturais não estamos assim tão perto e há 45 anos houve um visionário, Mário Anacleto, que viu à frente do seu tempo e que começou a criar aquilo que viria a ser uma marca do nosso concelho“, evidencia. Em 45 anos, o festival nunca parou, nem mesmo durante a pandemia da Covid-19. Filipe Dias admite que “é muito difícil hoje em dia fazer um festival internacional de música“. O sucesso tem sido alcançado graças à visão de quem organiza o festival. “Muitos artistas têm chegado ao FIMUV antes de darem o salto e só assim é que conseguimos porque somos um festival humilde, mas profissional. Encaramos com muito amor aquilo que fazemos e procuramos fazer o melhor festival possível e superando sempre o ano anterior”, vinca. O público, afirma, tem sido “o motor” do CIRAC – Círculo de Cultura e Recreio de Paços de Brandão, a entidade organizadora do evento.
O FIMUV volta a desenrolar-se em várias salas do concelho, como o Cineteatro António Lamoso, o Europarque, o auditório do CiRAC, a Academia de Música de Paços de Brandão, o Museu de Lamas, o Museu de Terras de Santa Maria ou o Centro Cultural de Milheirós de Poiares. “Queremos que seja um festival de todos e para todos“, salienta Filipe Dias.
15 espetáculos e mais de 100 artistas em palco, num festival que é também inclusivo
Mas o que reserva a 45ª edição ao público? Ao todo, o FIMUV traz até ao concelho 15 espetáculos. A violoncelista da Letónia, Margarita Balanas, é cabeça de cartaz e partilhará o palco do Grande Auditório do Europarque com a Orquestra Filarmónica Portuguesa. O pianista Pedro Burmester, a fadista Sara Correia ou o grupo de música tradicional transmontana ‘Galandum Galundaina’ são outros destaques desta edição. O festival cruza vários estilos musicais – desde o jazz, fado, música coral ou folk – com outras vertentes artísticas, como é o caso do teatro de marionetas, dança inclusiva e até provas gastronómicas em que a música é harmonizada com vinhos e iguarias da região.
“Tem tudo para ser um grande sucesso”
Augusto Trindade afirma que as expectativas para o festival, com “um público fiel que tem crescido ao longo dos anos”, “são elevadas”. “Tem tudo para ser um grande sucesso“, resume o diretor artístico. Filipe Dias concorda: “A expectativa é alta porque a entrega é alta“.
Pode ouvir a entrevista completa aqui: