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Quinta-feira, Junho 26, 2025
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37 carros artesanais e 9000 espectadores na “Descida Mais Louca da Malápia”

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Reflexo da criatividade e do engenho das equipas participantes, a prova com carros construídos de forma artesanal – sem motor e movidos apenas por impulso humano e força da gravidade – tem espírito de rali e atraiu em 2024 cerca de 9.000 espectadores. O evento de S. João de Ver continua a ter acesso gratuito, mas entre participantes, organização e entidades de segurança, envolve agora uma estrutura de cerca de 190 pessoas. Com obstáculos diversos, a gincana estende-se por 1,8 quilómetros e atravessa a Linha Férrea do Vouga, num trajeto que se distingue por curvas acentuadas, um declive na ordem dos 6,5% e uma plateia vibrante e entusiasta.

É já a 28 de junho que se realiza a sexta edição da “Descida Mais Louca da Malápia”, que, no município de Santa Maria da Feira, adota na sua designação uma referência histórica ao malápio, a pequena maçã que os habitantes da freguesia de S. João de Ver ofereceram ao Rei D. Manuel II na sua passagem pela terra durante a viagem inaugural da Linha Férrea do Vouga e que, a partir daí, os miúdos atiravam ao comboio em jeito de provocação traquina.

Organizada pela Associação Malapeiros Rolantes, a prova envolve o que o presidente dessa instituição define como “um ambiente de felicidade e adrenalina, onde não existe competição pelo carro mais rápido ou mais bonito porque o que realmente importa é criar laços com a comunidade e divertir toda a gente“. Vítor Duarte garante: “O que se pretende é a alegria da participação, a satisfação pela construção de um carro que funciona bem e o gozo de o ver rodeado por um público entusiasta, que aplaude as máquinas e os pilotos a cada obstáculo superado“.

O evento tem o apoio da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e da Junta de Freguesia de S. João de Ver, contando com a parceria também da Infraestruturas de Portugal, que gere o caminho-de-ferro local. Os carris do chamado “Vouguinha” serão nesse dia cruzados por uma frota de 37 carros artesanais, toscos e divertidos, o que representa um aumento de 20% face à participação de 2024. Confirmadas estão já equipas dos municípios da Feira e do Carregal do Sal, em representação de empresas, coletividades, famílias inteiras ou meros grupos de amigos com gosto pela bricolagem.

O investimento da associação promotora do evento ronda os 20.000 euros, o que abrange verbas próprias, patrocínios financeiros, doações em géneros e apoios logísticos, mas essa contabilidade não inclui o custo de adaptação dos carros, em que as equipas mais esmeradas chegam a gastar 2.500 euros por viatura – aplicados sobretudo em elementos decorativos e adereços cénicos – e mais de 40 horas de trabalho.

É este envolvimento geral que faz da ‘Descida Mais Louca da Malápia’ um evento realmente social e comunitário“, defende Vítor Duarte. “A participação na prova promove o trabalho em equipa, seja entre pais, filhos e irmãos, seja entre amigos que se juntam para construir o carro e que ensaiam uma coreografia para acompanhar a viatura a pé, seja entre funcionários de uma empresa que, ao prepararem a máquina em conjunto, desenvolvem relações mais saudáveis e se ficam a dar melhor com os colegas”.

Este ano há boxes para os carros

Uma inovação em 2025 é que todos os carros participantes vão ter boxes próprias no início do trajeto, logo a seguir à rotunda com o Monumento ao Espírito Feirense, na EN1. Cada equipa passa assim a dispor de um espaço próprio para apoio técnico aos veículos, aos pilotos e outros membros da respetiva comitiva envolvidos no funcionamento efetivo do seu veículo.

Para evitar constantes movimentações de público entre um ponto e outro do trajeto, outra das novidades da sexta edição da “Descida Mais Louca da Malápia” – que teve a sua estreia em 2018, mas, devido aos constrangimentos da pandemia, esteve suspensa em 2020 e 2021 – é a transmissão da corrida em ecrãs gigantes, a partir de câmaras instaladas no que Vítor Duarte considera “duas das zonas mais espetaculares da pista“. Aumentam assim os ângulos de visão dos espectadores a partir da plateia – que se espera muito preenchida, dado que o evento integra a programação das já habitualmente populares Festas Sanjoaninas.

Isso facilitará a perceção global de uma prova que conta com desafios como curvas acentuadas e sem bermas, fardos de palha e toucos de cortiça a meio da via, escadas sobre o asfalto com degraus feitos de paletes e um pórtico em forma de castelo com visibilidade obstruída por espuma, num total de 13 obstáculos intencionalmente instalados num percurso de 1,8 quilómetros já de si a exigir particular cautela.  “Como não têm motor, estes carros podem não passar dos 50 ou 60 quilómetros por hora“, nota o presidente dos Malapeiros Rolantes, “mas exigem certamente muito mais perícia e bons reflexos do que os automóveis normais – e são muitíssimo mais divertidos“.

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