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Terça-feira, Abril 29, 2025
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“A pobreza, sem humanismo, não se resolve”

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EAPN em entrevista nos estúdios da Sintonia, representada por Sandra Araújo, diretora executiva, e por Monsenhor Jardim Moreira, presidente deste organismo

‘Diálogos sobre o Pobreza’ foi o mote do congresso que a Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN Portugal) dinamizou no âmbito dos 30 anos de atividade em Portugal. O presidente da EAPN, Monsenhor Jardim Moreira, nos estúdios da Sintonia, salienta a importância de uma abordagem “mais holística e humanista” no combate à pobreza e defende que o país tem uma oportunidade “única” para atenuar este flagelo, graças ao PRR e aos fundos da Europa.

Nos estúdios da Sintonia, o presidente da EAPN evoca o 25 de Abril para lembrar que a democracia portuguesa “tem ainda muito para fazer e para estar madura“. “Ao fim de mais de 40 anos de revolução, continuamos a manter a percentagem dos pobres e que vai oscilando. Se a economia está melhor, baixa, se piora, a percentagem da pobreza aumenta e andamos sempre na ordem dos 20 por cento“, afirma. “Em Portugal, são precisas cinco gerações para um pobre sair da pobreza o que quer dizer que as políticas não são tão eficientes como desejaríamos“, acrescenta. Por isso mesmo, defende o presidente do EAPN, é preciso “encarar a pobreza de outra forma, nas suas origens, nas suas causas profundas para que a pobreza não se reproduza e não seja transmitida hereditariamente“. “Esta política, muitas vezes assistencialista, que pensa que dar dinheiro resolve o problema, tem criado mais pobres e mantido muita gente na pobreza“, avisa.

O Congresso promovido pela EAPN procurou, por isso, fomentar o diálogo entre todas as entidades e apontar possíveis caminhos a seguir. O padre Jardim Moreira realça: “A pobreza, sem humanismo, não se resolve”.

O combate à pobreza, em Portugal, deve, no entender do presidente da EAPN, “ser um desígnio nacional”. O responsável admite que há vários problemas e dificuldades em cima da mesa, como a inflação ou a guerra na Ucrânia, e defende medidas concretas e estruturais para resolver o problema.

Sandra Araújo, diretora executiva da EAPN, refere que um “conjunto de documentos nacionais e europeus dão alguma esperança do que pode vir aí“, como é o caso da Estratégia Nacional e Combate à Pobreza, recentemente aprovada. “É preciso sermos vigilantes e acreditamos que houve um compromisso governamental para com esta estratégia, mas é preciso mobilizar toda a sociedade, todos os atores em torno desta estratégia“, sublinha. Em primeiro lugar, considera Sandra Araújo, é necessário saber em concreto “em que consiste a estratégia, definir recursos e metas e perceber como se vai operacionalizar no terreno”.

Segundo os dados relativos aos rendimentos de 2020, em Portugal, 11,2% dos adultos que trabalhavam estavam em risco de pobreza. Este foi um dos dados destacado num dos seminários que compuseram o congresso da EAPN. “Temos muito s trabalhadores que poderíamos considerar que, estando a trabalhar, estariam livres da armadilha da pobreza, mas mesmo a trabalhar não conseguem sair e ficam abaixo do limiar“, constata Sandra Araújo. “É preciso corrigir este problema que radica”, por exemplo, dos baixos salários e dos baixos rendimentos, argumenta a diretora executiva da EAPN.

Sandra Araújo aponta que as desigualdades no acesso ao mercado laboral são outra causa da pobreza em Portugal. Entre os grupos afetados estão, por exemplo, mulheres, pessoas com deficiência ou grupos minoritários.


“A pandemia criou maiores desigualdades e elas são gritantes ao nível da macro economia”, denuncia o Monsenhor Jardim Moreira.

Pode ouvir a entrevista com o presidente da EAPN, Monsenhor Jardim Moreira, e a diretora executiva, Sandra Araújo, na íntegra aqui.

EAPN – Entrevista 26/05/2022

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