Começa hoje o Imaginarius, o festival que transforma a cidade num palco a céu aberto

Transformado num gigantesco palco a céu aberto, o centro histórico de Santa Maria da Feira apresenta, entre esta quinta-feira e domingo, 22 e 25 de maio, as tendências internacionais das artes de rua, numa espécie de janela aberta para o mundo, onde 200 artistas de 17 países vão instalar-se em 15 palcos com 43 propostas de circo contemporâneo, clown, dança, música, instalações e media arts.
A 24ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua propõe uma intensa reflexão sobre o Progresso, em jeito confronto e questionamento, de crítica social, mas também de festa e de celebração da diversidade, com propostas para todas as idades, desde os formatos mais intimistas às grandes produções, que prometem sorrisos e espanto.
As ruas e praças continuam a ser os palcos de eleição do Imaginarius – há muito que nos habituámos a ver o público sentado no chão, de olhos postos no céu, ou acomodado em escadarias e anfiteatros naturais –, mas o festival também apresenta espetáculos em equipamentos culturais como a Biblioteca Municipal, o Cineteatro António Lamoso ou o Imaginarius Centro de Criação, cumprindo um dos seus grandes propósitos: o cruzamento entre a cultura, o património local e as diferentes comunidades.
Temas atuais e prementes, como o papel da mulher na sociedade, a pertença a um território em tempos conturbados como os que vivemos, a dependência das novas tecnologias num mundo hiperconectado ou o culto do dinheiro nas sociedades capitalistas serão retratados em diferentes performances, por artistas vindos de todo o mundo, que encontram em Santa Maria da Feira uma montra de oportunidades para mostrar o seu trabalho a programadores e diretores de festivais, nacionais e internacionais.
Esta edição regista uma aposta sem precedentes nas Criações Imaginarius, com a estreia de dez projetos (foram três na última edição), resultantes de 16 residências artísticas realizadas no Imaginarius Centro de Criação (ICC), o centro produtor de conteúdos do festival.
Destaque para as criações locais “Anti-Nódoas” (Companhia Mnemos) e “Final Girl” (Rui Paixão & Rina Marques), desenhadas e interpretadas por artistas feirenses, que prometem surpreender o público pela intensidade das mensagens e cenografia.
A programação é também marcada pela estreia da primeira encomenda com assinatura do ICC, “Praça, Bela Praça!” (Companhia Persona & Giacomo Scalisi), que propõe ao público um jantar performativo no Mercado Municipal, reinventado por chefs locais a partir das sobras das vendas do dia, servido numa grande mesa comum, onde os “corta-sabores” são inusitados momentos performativos.
“É indiscutível o impacto que este festival tem na formação de novas gerações de artistas e de novos públicos, no despertar do pensamento crítico, no questionamento através das artes de rua, mas sobretudo no envolvimento e capacitação dos nossos artistas e das nossas comunidades, tendo como foco o apoio à criação local e aos artistas emergentes. Continuaremos a trazer o mundo a Santa Maria da Feira, mas sobretudo a levar Santa Maria da Feira e os nossos artistas ao mundo através deste festival, que tem como palco uma cidade regenerada por força da cultura e da criatividade”, sublinha o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Amadeu Albergaria.
É entre a terra e o céu que acontece o espetáculo de grande formato “Le Grande Mire”, da companhia francesa Deus Ex Machinma (sábado, 24 de maio, às 23h30, na praça do tribunal). Numa esfera gigante serão projetadas imagens da humanidade e da busca incessante do Homem pelo desconhecido, com números aéreos sobre tecidos, trapézios fixos, dança pendular, teatro e videomapping.
