União de Lamas: “um gigante adormecido” a despertar para outros patamares

Miguel Brandão, presidente do União de Lamas, considera que a época tem saldo positivo, apesar dos desafios financeiros que o clube teve de ultrapassar em ano de regresso aos campeonatos nacionais. Zé Paulo é aposta para a próxima temporada e o objetivo é manter a espinha dorsal da equipa. Há investimentos no horizonte no que toca a infraestruturas desportivas para dar resposta ao aumento de atletas na formação, mas também para catapultar o clube para outros patamares. O presidente do emblema de Santa Maria de Lamas não esconde o sonho maior: ver o União de Lamas na II Liga.
Nos estúdios da Sintonia, dirigentes do União de Lamas (Miguel Brandão, presidente, Élio Ferreira, vice-presidente, e Fábio Raul, vice-presidente e diretor desportivo) fizeram o balanço da atual temporada, marcada pelo regresso do clube aos nacionais 12 anos depois. Encontraram um campeonato “diferente” e cujo modelo competitivo, afirma Miguel Brandão, “está morto à nascença”. A bilheteira do clube ressentiu-se esta temporada, num calendário com menos dérbis (comparativamente ao SABSEG), com muitas paragens e também com poucos jogos. Ainda assim, o União de Lamas mostrou ao que vinha e fecha a temporada este domingo com uma receção ao AD Marco 09 e a manutenção já assegurada. Foi festejada no Comendador Henrique Amorim, a 30 de março, onde o conjunto orientado por Zé Paulo conquistou uma vitória com direito a reviravolta frente ao Régua.
A uma jornada do fim, o foco é fechar a época com uma vitória, assegura Miguel Brandão, que apela aos adeptos que venham ao estádio para celebrar uma temporada onde se viu o “gigante adormecido” dar mostras da sua ambição. “Acho que fizemos uma boa temporada, mostramos a toda a gente o clube que somos, a massa associativa que temos, porque levamos a todo o lado muita gente. Tenho que agradecer aos sócios, porque estiveram connosco até ao fim”, realça o dirigente.
Que lições leva o clube da temporada que marcou o regresso aos nacionais. Sobretudo “organização”, responde Miguel Brandão. “Muitos e-mails da federação, muita burocracia para estarmos neste patamar. Nós candidatámo-nos à Liga 3 já em outubro, porque confiávamos nesta equipa”, afirma o presidente, que destaca as prestações “formidáveis” de todos os jogadores. “Toda a gente esteve acima das expectativas porque era um campeonato que ao fim de 12 anos não era o mesmo campeonato. A organização de um jogo é muito diferente daquilo que era antigamente, mas é como disse, estamos a aprender”, declara.
Zé Paulo é aposta para a próxima época
Ainda não há orçamento definido, mas o União de Lamas conta manter o treinador Zé Paulo ao leme da equipa, desvendou o vice-presidente e diretor desportivo Fábio Raul. A espinha dorsal do grupo de trabalho é outra das apostas para fazer “o melhor possível” na temporada 2025/2026. Miguel Brandão não esconde que o clube está a dar passos no sentido de chegar à Liga 3, um objetivo que depende também na aposta em infraestruturas. “Acredito que o clube vai chegar a outro patamar, poderá demorar mais um bocado, como demorou estes anos todos em que foi difícil… mas é isto, nós crescemos e também percebemos que às vezes é preciso estar dois ou três anos estáveis e depois dar o salto. O plano estratégico passa por chegar à Liga 3“, refere.
Campeonato “morto à nascença”
É a avaliação de Miguel Brandão face ao modelo competitivo do Campeonato de Portugal, a começar pelo número de jogos com um severo impacto na bilheteira. Se há três épocas, quando assumiu o clube, a equipa sénior disputou 42 jogos, há dois foram 38 e nesta última são 27, a contar com a partida para a Taça de Portugal. “As receitas não têm nada a ver, perdemos em média cinco jogos em casa“, detalha o dirigente, referindo que tal também afeta a receita do bar do clube. As dificuldades, aponta Miguel Brandão, causaram desgaste, mas evidenciaram também a capacidade do clube atravessar adversidades. “Também foi importante para nós porque mostrou que nós, com o arcaboiço que temos e com a ajuda de muita gente, conseguimos chegar ao fim. O campeonato, se fosse corrido, em janeiro já tinha acabado. Isto é impossível, porque todos os meses temos contas para pagar”, afirma.
Investimento nas infraestruturas desportivas no horizonte
A direção tem vários projetos no que toca a infraestruturas desportivas. Miguel Brandão aponta para a urgência de construir novos balneários na zona onde está a estátua do Comendador Henrique Amorim, mas também outras valências, como uma loja do clube, um bar ou um ginásio. “Vai deixar um rendimento para o futuro, para o clube, para o clube não estar como agora”, sustenta.
No que toca ao pavilhão e à piscina, o presidente admite que o clube “não tem poder financeiro para fazer a reformulação”. Por isso, a solução deverá passar pela cedência à Câmara Municipal, capaz de realizar a obra na estrutura que pertence à Casa do Povo. “Não tenho problemas em ceder à Câmara em troca das obras que eles vão fazer. Logicamente, tudo fica ali nas estruturas do clube, passa por no fundo engrandecer o próprio clube, porque a obra no pavilhão obriga a fazer a obra na pala que é essencial na Liga 3, tirarmos as telhas de amianto e fazer os próprios camarotes”, descreve.
Outro investimento no horizonte são dois campos de futebol de sete, cujos terrenos foram cedidos pela Casa do Povo. O clube prepara a candidatura para apresentar à Câmara e Miguel Brandão explicou que existirão também obras na rua dos Murtórios que permitiram criar outro acesso para os visitantes.
Para que todos estes investimentos se concretizem, o clube prepara-se para fazer o licenciamento das infraestruturas desportivas. Será tema na próxima assembleia geral, onde os sócios irão aprovar a concretização da despesa. “Quero de uma vez por todas fazer tudo direitinho, pôr tudo como deve ser para podermos depois fazer as candidaturas que estão na Câmara e no IPDJ”, acrescentou.
“Orgulho” em liderar o União de Lamas
Adepto incondicional do clube, Miguel Brandão lidera há três anos os destinos do União de Lamas. “É um orgulho, acho que é o maior orgulho para a minha família”, afirma o dirigente, lembrando os laços da família ao emblema lamacense. Miguel Brandão confessa também um sonho: ver o União de Lamas na II Liga. “Acho que é o maior sonho que tenho, logicamente sei que o clube sozinho não consegue, é impossível, temos de ter noção disso, mas também é um sonho”, afirma, apontando outra ambição: ter uma equipa da formação no nacional. “Vamos trabalhar para isso, eu vivo o Lamas a 300%”, diz. Élio Ferreira, vice-presidente, concorda que esse é o objetivo máximo do clube. “Sinto que depois de estar neste campeonato o União de Lamas não está verdadeiramente nos nacionais, tem que subir mais patamares. Sou do tempo de acompanhar o União de Lamas na II Liga e queríamos muito devolver o Lamas a essa divisão, que é onde nós sentimos que o Lamas deveria já de estar e adormeceu. É um gigante adormecido que nós estamos, com maior ou menor dificuldade, a tentar acordar”, completa.