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Quarta-feira, Abril 2, 2025
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Hospital S. Sebastião trata entre 500 a 600 doentes com AVC por ano

Vítor Pereira, fisiatra, Cláudia Sacramento, enfermeira, Rute Alves, fisioterapeuta, e Luís Fontão, neurologista, foram os convidados da emissão que assinalou o Dia Nacional do Doente com AVC
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É a doença que mais mata e incapacita em Portugal e há ainda um caminho a percorrer no que toca à sensibilização e prevenção do AVC. O Hospital S. Sebastião trata, anualmente, entre 500 a 600 doentes com AVC e a doença afeta cada vez faixas etárias mais novas. A Portugal AVC alerta que 30% dos casos de acidente vascular cerebral acontecem em pessoas em idade ativa. 

No Dia Nacional do Doente com AVC, a Rádio Sintonia promoveu uma tertúlia com profissionais de saúde que compõem a unidade de AVC do Hospital S. Sebastião. Em média, o hospital trata entre 500 a 600 pessoas por ano com esta doença, avança o coordenador da unidade e neurologista, Luís Fontão. “Anualmente tratamos cerca de 500 a 600 doentes novo. Cumulativamente, vamos ficando com muitos doentes de AVC que vamos tratando“, refere. A unidade de AVC do Hospital de Santa Maria da Feira oferece uma resposta articulada e multidisciplinar. “Temos uma enfermaria e um conjunto de profissionais de diferentes áreas que está dedicado a tratar pessoas com AVC. Isto inclui não só a enfermaria física, mas uma série de protocolos e formas de atuar – desde a urgência, internamento e processo de reabilitação – que está harmoniosamente organizado. O objetivo é que as pessoas tenham um tratamento igualmente bom desde que entram na urgência até que à sua reabilitação“, sublinha.

Na reabilitação do doente no Hospital S. Sebastião, o fisiatra Vítor Pereira realça a importância do trabalho de toda a equipa. “Trabalhamos todos em conjunto, temos várias reuniões semanais, no sentido de tentarmos otimizar a resposta da reabilitação. É importante que comece o quanto antes“, reforça. Outro fator importante para o sucesso é a força de vontade do paciente e também o envolvimento de familiares na reabilitação e tratamento da doença.

Doentes com AVC “chegam mais rápido à urgência”

Nos últimos anos, o número de doentes que chega mais rápido à urgência após indícios de AVC tem vindo a crescer. Diz a máxima que “tempo é cérebro” e no que toca ao AVC, quanto mais rápido for iniciado o tratamento, maior a taxa de sobrevivência e de recuperação. “Tem-se notado bastantes nos últimos dois ou três anos que o número de doentes que chega mais rápido ao hospital tem aumentado e por isso conseguem um tratamento melhor“, diz Luís Fontão. “É muito diferente uma pessoa chegar muito rapidamente ao hospital ou chegar um ou dois dias depois, é completamente diferente. O número doentes que temos conseguido tratar dentro dessa janela de tempo tem crescido francamente, mais de 20 ou 30 por cento“, declara, acrescentando: “Gostaria de acreditar que é o resultado de as pessoas se aperceberem dos sinais de alarme e desencadearem a vinda para o hospital“. Quais os principais sinais de AVC? Há um grupo de sintomas bem definido: alteração da fala, assimetria da face e perda de força num dos lados do corpo.

“Temos muito pacientes em idade laboral e prevenir é fundamental”

A Portugal AVC alerta que 30% dos casos afetam pessoas em idade ativa e Rute Alves, fisioterapeuta, realça a importância de atuar na prevenção. “Constata-se cada vez mais que temos jovens em tratamento, o que mostra que realmente é importante a prevenção. Temos muitos pacientes em idade laboral e prevenir, ou seja, ter melhor qualidade de vida, melhor alimentação ou fazer exercício físico é fundamental para prevenir estas ocorrências“, vinca.

O que explica o aumento do número de casos em pessoas mais jovens? Luís Fontão avança com algumas possibilidades. “Talvez resultado ainda da pandemia, estamos a ver uma menor atenção aos fatores de risco em pessoas jovens. As pessoas entre os 30 e os 50 anos talvez tenham menos atenção às tensões arteriais ou ao controlo do colesterol do que há uns anos. Também tem sido alertado pelas organizações de saúde internacionais problemas relacionados com a poluição ambiental ou a utilização dos plásticos“, aponta. Cláudia Sacramento, enfermeira, indica outros fatores de risco para o AVC, como o stress, a ansiedade ou a falta de qualidade de sono. “Vivemos numa era de ansiedade, de casos de depressão, de insónia, tudo entra na equação. Antes associávamos muito como fatores de risco o colesterol, a diabetes, o tabagismo ou o consumo do álcool e agora temos outras variáveis“, afirma.

AVC: uma doença com “custos gigantescos para a sociedade”

Apesar dos vários avanços no tratamento da doença, a tónica mantém-se na prevenção, até porque o AVC continua a ser a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. “Isto significa custos gigantescos para a sociedade, quer em termos económicos quer em termos de custos para as famílias. Muito mais do custos em si, é toda a angústia que os doentes que sofrem o AVC têm e conseguimos testemunhar isso em primeiro mão. Apesar de muito se ter melhorado no tratamento do AVC, continuamos muito focados a tentar prevenir e a tentar que a prevenção primária seja o foco principal, para que não haja tantos AVC. O que queremos é reduzir a ocorrência de AVC em vez de sermos muito bons a tratá-los, porque isso acho q temos conseguido sê-lo“, esclarece Luís Fontão.

Reveja a entrevista com Vítor Pereira, fisiatra, Rute Alves, fisioterapeuta, Cláudia Sacramento, enfermeira, e Luís Fontão, neurologista:

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