“O apoio aos associados é a trave mestra da Associação Empresarial da Feira”

Depois da pandemia da Covid-19, o tecido económico feirense vive novos desafios. A inflação, a subida do custo da energia ou a falta de mão de obra são preocupações diárias dos empresários, às quais a Associação Empresarial da Feira tem procurado responder com várias iniciativas, que tocam áreas como a formação, o marketing e a comunicação ou até a responsabilidade social.

“Santa Maria da Feira é o motor da região”

Alferes Pereira, presidente da Associação Empresarial do concelho de Santa Maria da Feira, foi o primeiro convidado do programa semanal da Rádio Sintonia (uma parceria com a AE Feira) que, todas as quintas-feiras, depois das 18h, procura sentir o pulso ao tecido económico do concelho. Aos microfones da Sintonia, o dirigente começa por explicar a diversidade de empresas e setores que o concelho possui. A cortiça, a metalomecânica, o calçado, a puericultura, a construção civil, o turismo ou a restauração são alguns dos setores mais representativos. “O concelho da Feira é um concelho dinâmico e que é o motor da região“, realça Alferes Pereira.

Perante este universo, como se posiciona a AE Feira? Com a missão de defender todos os associados, este organismo tem “uma palavra mais atenta e observante para as micro e pequenas empresas, sobretudo do comércio, da pequena indústria ou dos serviços“, realça Alferes Pereira.

Desde que assumiu a presidência da AE Feira, em outubro de 2021, Alferes Pereira aponta que a sua equipa multiplicou por cinco o número de associados. O dirigente afirma que tem sido “um trabalho duro”, lembrando que “a associação passou durante algum tempo despercebida“, fruto também da pandemia da Covid-19. As várias iniciativas que a AE Feira tem realizado e espera concretizar no futuro mais próximo são, no entender de Alferes Pereira, importantes para dar maior “visibilidade” à instituição.

Os cinco pilares da AE Feira

O mandato para o triénio 2021/2024 assenta em cinco pilares, desvenda Alferes Pereira: maior proximidade com os associados, aposta na formação, na área da cultura, lazer e bem-estar, responsabilidade social e comunicação e marketing.

Presidente da Associação Empresarial da Feira há quase um ano, Alferes Pereira faz um balanço positivo do trabalho realizado até ao momento. “Estamos a conseguir uma sustentabilidade financeira que não existia, estamos já nas bocas do povo por boas ideias e temos várias empresas a baterem à porta a pedir ajuda“, enumera.

Salientando a importância das sinergias, Alferes Pereira anuncia que a AE Feira está na génese da Confederação Empresarial do Norte de Portugal, um organismo que pretende dar força às reivindicações dos empresários do norte do país. “O norte está com alguns problemas de representação e de ter voz em Lisboa. Temos um problema em particular, a nossa região das Terras de Santa Maria representa muito em termos de PIB e pouco em termos de recursos que o Estado nos manda”, denota.

“Vamos ter tempos difíceis, mas temos de ser resilientes e dar as mãos”

Depois da pandemia da Covid-19, há novos desafios no horizonte das empresas e Alferes Pereira não tem dúvidas de que “2023 será um ano complicado“, sobretudo pela “indefinição” causada pela guerra no leste da Europa. “Não sabemos o que nos espera, as empresas têm de pensar muito bem em termos de investimento nos passos que vão dar nos próximos meses ou anos. Isso não quer dizer que não se invista, mas o investimento tem de ser bem calculado“, aponta. Crucial para o dirigente é a “união para combater a crise”. “Vamos ter tempos difíceis, mas temos de ser resilientes, temos de dar as mãos e perceber que estamos todos no mesmo barco“, acrescenta.

Orçamento do Estado “insuficiente” para responder à crise

O Orçamento do Estado responde ao contexto atual? Alferes Pereira considera que as medidas anunciadas pelo Governo são “insuficientes” e aponta soluções. “É preciso um apoio extraordinário às empresas, em alguns setores são mesmo precisos apoios efetivos e muito robustos, em setores como a restauração, o calçado ou o pronto a vestir“, considera. O dirigente é apologista de “políticas diferenciadas” e explica porquê. “Uma empresa de calçado que emprega 300 pessoas na sua produção não é igual a uma funerária que tem duas pessoas. Os lay-off não podem ser iguais, a maneira de apoiar através da Segurança Social não pode ser igual, têm de haver discriminações positivas sem prejudicar ninguém“, esclarece. Alferes Pereira aponta ainda que é necessário baixar impostos, como o IRC, e mitigar os impactos dos custos da energia.

Como está o concelho a reagir à crise? “Há uma grande ansiedade, uma dificuldade em perceber o que vai acontecer no futuro e isso é manifestamente mau“, afirma.

A falta de mão de obra e os custos de produção estão no topo das preocupações dos empresários.

‘Gerir na Nova Ordem Mundial’ é o tema do Fórum Bizfeira, que acontece a 10 de novembro no Europarque. Alferes Pereira considera que este evento, promovido pelo município, será “mais um momento marcante” no concelho. Fazendo uma apreciação globalmente positiva do trabalho desenvolvido pelo município, o presidente da AE Feira ressalva que um dos calcanhares de Aquiles do concelho são as zonas industriais, com necessidade urgente de intervenção ao nível de acessos e infraestruturas.

Depois do “sucesso tremendo” do Moda Feira em julho deste ano, segue-se mais uma edição do evento, mas em formato digital. A iniciativa acontece a 5 de novembro nas plataformas digitais da AE Feira. A associação empresarial prepara, também, vários outros projetos para o futuro mais próximo. Ainda este mês deverá arrancar um ciclo de workshops nas freguesias, dirigidos aos empresários. A primeira freguesia a acolher a iniciativa será Argoncilhe e contará com a presença de Carla Oliveira, adjunta do presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira na área empresarial.

“A crise vai servir para sermos mais proativos”

Apesar do contexto económico difícil, Alferes Pereira acredita que 2023 “vai ser um ano excelente para a AE Feira”. “A crise vai servir para sermos mais proativos e prestarmos um serviço de qualidade redobrado aos associados”, afirma.

Na reta final da conversa, Alferes Pereira desvenda que a AE Feira espera atingir os mil associados pagantes no final de 2023.

Pode ouvir o programa na íntegra aqui.