“Queremos chegar ao maior número de trabalhadores possível”
Formalizar mais protocolos ou reforçar a divulgação do trabalho realizado pela Associação Nacional de Deficientes Sinistrados no Trabalho (ANDST) são alguns dos objetivos elencados pelo delegado do distrito de Aveiro, António Silva. O responsável acredita que, se as micro e pequenas empresas se associarem em “serviços partilhados de segurança e saúde no trabalho”, o número de acidentes de trabalho e a sua gravidade baixariam no distrito.
O percurso enquanto delegado do Distrito de Aveiro da Associação Nacional de Deficientes Sinistrados no Trabalho começou há cerca de seis anos. António Silva, em entrevista à Sintonia, fala de um percurso em crescendo no distrito, a começar pelos locais de atendimento, que inicialmente não existiam. Este ano, cumpriram-se quatro anos de protocolo com a Junta de Freguesia de Sanguedo, que disponibiliza um gabinete onde há atendimento às quintas-feiras à tarde por ordem de chegada. A par disso, António Silva tem ainda outro escritório, em Santa Maria da Feira, onde atende por marcação. “É um trabalho pelo qual me vim a apaixonar intensamente, vivo isto todos os dias de uma forma intensa. Queremos chegar ao maior número de trabalhadores possível”, revela à Sintonia, destacando que os serviços prestados são gratuitos, à exceção do relatório médico pericial, que tem o custo de 30 euros.
O delegado do distrito de Aveiro aponta que, no ano passado, a ANDST registou 3500 atendimentos e, em Aveiro, o número ascendeu a 250. A pandemia baixou os números dos acidentes de trabalho que, nos últimos anos, diz António Silva, têm vindo a crescer. “Há muito mais pessoas a recorrer, o número cresce de dia para dia”, afirma, destacando que a ANDST presta apoio não só em situações de acidentes de trabalho, mas também no caso de doenças profissionais. “As situações de segurança estão cada vez menos acauteladas, porque as entidades empregadoras ainda não perceberam que há estudos científicos que apontam que, por cada euro de investimento, podem ir buscar entre os 2,5 e os 4,8 euros de retorno. Não é uma despesa, é um investimento“, argumenta.
Além de reforçar a divulgação dos serviços que presta e da realização de parcerias com várias entidades – está em vista uma com o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga -, António Silva entende que deve existir uma aposta das empresas para melhorarem as condições de segurança e saúde no trabalho. “As entidades empregadoras, muitas delas com limitações, podem associar-se num raio de 50 quilómetros com serviços partilhados de segurança e saúde no trabalho”, defende. E acrescenta: “As organizações representativas das entidades empregadoras devem fazer um esforço para que o universo de segurança e saúde no trabalho seja levado à prática com mais proficuidade, tenha mais substância e para que os trabalhadores possam laborar em segurança“.
Pode ouvir a entrevista na íntegra aqui
Objetivos da ANDST
A ANDST promove uma atividade reivindicativa por “uma política de justiça social”, presta apoio jurídico, social e psicológico, mas também apoio à reintegração familiar, social e profissional dos trabalhadores vítimas de acidente ou de doença profissional.
Organiza estudos sobre as causas e os efeitos dos acidentes e das doenças profissionais nos trabalhadores e suas famílias, nas empresas e na economia do país. É membro fundador da C.N.O.D.-Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes, está filiada na F.I.M.I.T.I.C.-Federação Internacional dos Sinistrados no Trabalho, e é membro do Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos.
Associação nasceu em 1976 na cidade do Porto
A ANDST foi fundada em 1976, na cidade do Porto, por iniciativa de um conjunto de homens e mulheres vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional. Tem a sua sede na cidade do Porto, Delegações em Coimbra e Lisboa e Delegados em Aveiro, Braga, Évora, Leiria, Santarém, Setúbal e na região Autónoma da Madeira.