Grândola Vila Morena declamada por histórica companhia francesa no Imaginarius
Foi arrepiante o momento em que a histórica companhia francesa Générik Vapeur surpreendeu o público do festival Imaginarius ao declamar a letra da canção “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, no final da megaprodução “Waterlitz”, apresentada pela primeira vez em Portugal esta sexta-feira à noite, 24 de maio, no segundo dia de programação.
Com 144 apresentações artísticas ao longo de quatro dias, o Imaginarius esteve na ruas e praças de Santa Maria da Feira desde a passada quinta-feira até domingo, com 15 palcos e 190 artistas de 12 países que evocam a liberdade nas suas criações artísticas, numa edição ousada e provocatória, que traz para o espaço público temas atuais e prementes como os regimes totalitários, as migrações, o colonialismo e a igualdade de género.
Fiel aos grandes formatos e ao clássico teatro de rua, clown, circo e performance, o Imaginarius reforça a oferta de programação no domínio das media arts, projetos experimentais, dança, música, circo contemporâneo e instalações, apostando ainda na programação para as famílias, reforçada no domingo de manhã, com dez espetáculos entre as 10h00 e as 13h00.
Do extenso programa para os quatro dias, sobressai, pelos conteúdos e dimensão, a megaprodução “Waterlitz” que a companhia francesa Générik Vapeur estreou esta sexta-feira, dias 24 de maio, com reposição no sábado, 25 de maio, às 23h00, no parque dos bombeiros voluntários, onde se ergueu uma estrutura de grande complexidade logística, técnica e artística.
Oito contentores sobrepostos formam uma imponente figura humana de 19 metros de altura, que é também o palco onde se cruzam música, pirotecnia, balé aéreo e projeção de imagens que tocam a privação da liberdade, tantas vezes enjaulada em contentores onde seres humanos arriscam uma travessia.
Adaptado ao contexto nacional de celebração dos 50 anos de democracia, o espetáculo faz uma homenagem à Revolução dos Cravos, com a declamação da canção Grândola Vila Morena e projeção de videomapping alusivo à efeméride. O espetáculo conta ainda com a participação da fadista feirense Raquel Sousa, acompanhada pelo guitarrista Pedro Martins, que interpretam fados emblemáticos de Amália Rodrigues.
