Orfeão da Feira leva ‘A Promessa’ ao palco do Cineteatro António Lamoso e garante um “encontro de emoções”

O Grupo de Teatro Experimental do Orfeão da Feira regressa aos palcos a 24 de setembro com a peça ‘A Promessa’, de Bernardo Santareno, um espetáculo pautado por uma linguagem, atual, poética, ousada e até crua que promete ser um verdadeiro “encontro de emoções”. Homenagear aquele que é considerado por muitos o maior dramaturgo português do século XX é um dos objetivos da coletividade feirense.

A peça de teatro que sobe ao palco do Cineteatro António Lamoso no próximo dia 24 de setembro foi o tema central da conversa com José Augusto, ator e responsável pela cenografia, Maria Mar, diretora do grupo e atriz, Manuel Costa, encenador, e Fábio Pinto, presidente do Orfeão da Feira.

‘A Promessa’: A peça que durante oito dias foi sucesso de bilheteira antes de ser censurada

‘A Promessa’ foi um autêntico, embora fugaz, sucesso de bilheteira em 1957. Nos oito dias que esteve em cena, antes de ser censurada, levou ao Teatro Sá da Bandeira, no Porto, mais de 7500 espectadores, relata Maria Mar, para regressar aos palcos apenas dez anos depois. O encenador, Manuel Ramos Costa, destaca Bernardo Santareno como “o maior dramaturgo português do século XX“.

Mas de que fala a peça ‘A Promessa’? Maria Mar e José Augusto levantam o véu do espetáculo que explora a influência de um catolicismo fervoroso numa comunidade piscatória portuguesa.

Atualmente, Bernardo Santareno é um vulto “algo esquecido” no mundo artístico. “Os jovens, até os do teatro, nunca ouviram falar do maior dramaturgo português do século passado, Bernardo Santareno“, exclama Manuel Costa, que lamenta “uma espécie de rejeição nacional perante este autor“. “Bernardo Santareno tem de voltar de novo aos palcos através das grandes obras que deixou, assuntos que têm a ver connosco, com os usos, costumes e tradições portuguesas“, sublinha o encenador.

Grupo de Teatro Experimental do Orfeão da Feira: “Um grupo de pessoas unido pelo gosto pelo teatro”.

Será um verdadeiro “encontro de emoções”

José Augusto, responsável pela cenografia, fala sobre o trabalho que tem desenvolvido neste domínio.

Manuel Ramos Costa não esconde que “tem sido um desafio” encenar ‘A Promessa’, mas ressalva que a coesão do grupo, assente numa veia colaborativa, é essencial para o sucesso.

Maria Mar convida: “Espero que as pessoas venham, a cultura é muito importante“.

Manuel Ramos Costa espera que a peça pise outros palcos e que participe até em concursos de teatro.

Espetáculo ‘A Promessa’ vai ser “um encontro de emoções“, promete José Augusto.

Documentário ‘Histórias em Linha’ continua a dar que falar e promete percorrer o país

‘Histórias em Linha’ é o nome de um projeto recente do Orfeão da Feira que, com a pandemia da Covid-19, teve de ser reinventado. Inicialmente pensado para ser uma peça de teatro a apresentar em três estações ferroviárias do concelho – Feira, S. Paio de Oleiros e S. João de Ver – o projeto acabou por ser adaptado para documentário e “ainda bem“, realça o presidente do Orfeão da Feira, Fábio Pinto. “Nós, com o ‘Histórias em Linha’ que adaptámos, conseguimos construir um documentário que fica para posterioridade, que relata de uma forma fantástica o momento da conceção da ideia da Linha do Vouga, da execução e da inauguração“, constata Fábio Pinto, que realça o esforço do Orfeão da Feira para uma reconstituição “quase fiel” às personagens originais.

Este documentário, realizado por Manuel Costa, retrata momentos relevantes da inauguração do caminho de ferro do Vale do Vouga e as alterações que a linha Espinho-Viseu provocou na comunidade feirense.

O documentário, exibido pela primeira vez em maio de 2022, tem dado que falar e já despertou o interesse de outros municípios. Deverá ser exibido, em breve, em Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira, e há ainda a possibilidade de, no mês de novembro, ser projetado na Estação de Santa Apolónia, desvenda o presidente da coletividade feirense.

Orfeão da Feira prestes a arrancar ano letivo

Orfeão da Feira está a realizar captações para todas as secções – grupos de teatro, Grupo de danças e cantares e Grupo Coral – e tem ainda abertas as inscrições para a Oficina D’Artes, conta Fábio Pinto.

Apesar de já não existirem restrições relacionadas com a Covid-19, a atividade do Orfeão da Feira é agora condicionada pelo contexto socioeconómico que se vive no país e no mundo. Os tempos, afirma Fábio Pinto, “inspiram muita prudência”.

Pode ouvir a entrevista na íntegra aqui.