“Acredito que é possível voltarmos a ter o Núcleo de Treinadores de Aveiro a funcionar”
A frase pertence a Américo Teixeira, fundador, antigo presidente e dirigente do Núcleo de Treinadores de Aveiro, uma instituição que soma 22 anos de história e que em 2019 cessou a sua atividade. Nos estúdios da Sintonia Feirense, Américo Teixeira, Manuel Pinto e Miguel Oliveira abordaram o rico historial do Núcleo de Treinadores de Futebol de Aveiro e também as razões que culminaram, há dois anos, na demissão em bloco dos órgãos sociais. “A ANTF [Associação Nacional de Treinadores de Futebol] nunca quis legalizar os seus núcleos. Fizemos pressão mas fomos obrigados a demitir-nos para não ficarmos à mercê das autoridades competentes e evitarmos prejuízos da vida privada e pessoal”, descrevem os ex-dirigentes.
Dois anos depois, qual é o cenário dos treinadores de futebol e futsal no distrito? Miguel Oliveira admite que a pandemia da Covid-19 acabou por “ocultar vários problemas”. O ex-membro da mesa da Assembleia Geral do núcleo dá o exemplo das formações que organizavam – e que permitiam aos treinadores somar créditos – e o selo de qualidade que tinham. “Além do trabalho do núcleo de fazer formações perto para os treinadores terem os créditos, o núcleo preocupava-se em fazer boas formações, formações em que íamos para lá para aprender e ouvir pessoas mais experimentadas e que sabiam do que estavam a falar”, denota, recordando que foram pioneiros nas formações para treinadores de guarda-redes.
Outro dos momentos altos que marca a história do núcleo são as galas dos treinadores, evento onde era prestada homenagem a técnicos, atletas, dirigentes, comunicação social e personalidades do desporto. “O que me dá pena, e isto com a pandemia ainda não se fez notar muito, é não podermos continuar a ter aquela festa magnífica que eram as Galas do Núcleo de Treinadores de Futebol”, admite Américo Teixeira, recordando que o evento começou a realizar-se em 1997.
Apesar de estar neste momento inativo, Américo Teixeira acredita que é possível que o núcleo aveirense retome a sua atividade. Para isso, diz, é necessário que a ANTF regularize a atividade dos núcleos e o ex-dirigente considera fundamental que os outros núcleos do país se juntem e exerçam pressão para que tal aconteça. Manuel Pinto quer acreditar que isso seja possível, mas mostra-se mais pessimista. “Enquanto lá estiver o atual presidente, custa-me a acreditar que a janela se abra. Mas pode ser que estas vozes cheguem ao sítio certo e isso aconteça”, admite.
Miguel Oliveira considera que a ANTF está estagnada e afirma que é urgente um novo rumo para este organismo. “Apregoo a quem puder formar uma lista, gentes do futebol com algum estatuto, que possam formar uma lista e claramente e retirar de lá aquela direção”, vinca, acrescentando: “A Associação Nacional de Treinadores tem de evoluir. Temos dos melhores treinadores do mundo, mas a associação está parada no tempo”.
Pode ouvir a entrevista na íntegra aqui.